28 dezembro 2012

Entrevista do Mês

A entrevista do Mês de Dezembro é com o poeta, compositor, autor teatral e cordelista Josessandro Andrade.

 Entrevista:


    ENTREVISTA JOSESANDRO ANDRADE  - TEMA CULTURA 

ML - JOSESSANDRO VOCÊ ACOMPANHA A CULTURA DE SERTÂNIA HÁ BASTANTE TEMPO. SERTÂNIA TEM UM BERÇO CULTURAL MUITO GRANDE, MUITO RICO E BEM DIVERSIFICADO. O QUE REPRESENTA A CULTURA DE SERTÂNIA PRA VOCÊ? 

Josessandro Andrade - Sertânia é como o boi, não sabe a força que tem. Somos uma cidade de poetas e escritores, mas há quem ainda prefira repetir sempre os mesmos versos batidos de poetas de outras plagas. Somos um celeiro de compositores, músicos e cantores e há quem dê mais valor aos de outras plagas, isto no próprio meio artístico e cultural, que revela uma atitude colonialista. Outros preferem a crista da onda de quem tem a fama, que revela uma atitude oportunista. Mesmo com tudo isto, a cultura de Sertânia sobrevive e basta dar um sopro de alumbramento e ela desponta fogosa e faceira, não só nos mestres da poesia com Ulysses Lins, Alcides Lopes ou Waldemar Cordeiro, mas no artesão especial que é Biu Aleijadinho, no cordel original de Genival Pereira (Gato Novo), na música híbrida de Antônio Amaral, no Rock Moxotesco de Marcelo Siqueira, no jornal de Poesia Cabeça de Rato, nos cinco escritores que acabaram de lançar livros... Enfim a cultura de Sertânia é um mosaico de coloridas e doloridas saudades do compositor Francisquinho com sua Orquestra ensaiando no pé da Ladeira... Da Casa do Carnaval, que era a de Luiz Pintor, do Museu de Zé do Foto, do Grupo Tamba, De Zuza Galdino, de Fernando Patriota, de Jairo Araujo, de Walmar, de Luiz Carlos Monteiro, mas é também um mural vivo constantemente sendo renovado. Estão ai Adilson Medeiros, César Amaral, Andrade de Sertãnia, Lailton Araujo, Romero Silva, Luiz Wilson, Marcelino Freire, Vanuza Silva, Bruna Ranyere, Wilson Freire, Marcos Cordeiro, Duval Brito, Ésio Rafael, Alberto Oliveira, fazendo sucesso lá fora, Sem esquecer os que brilham aqui perto e são tantos, que se for citar corro o risco de esquecer alguém. No encerramento desta entrevista vou dizer um poema que sintetiza o que é prá mim a cultura de Sertânia, que é tão subestimada, mas tão fértil e farta, que se adubada pode se transformar no grande vetor de desenvolvimento econômico e social de nossa terra.

ML - VOCÊ ACHA QUE A CULTURA DE SERTÂNIA É BEM VALORIZADA EM NOSSO MUNICIPIO? 

Josessandro Andrade- Pelo povo sim, pelo poder público municipal, não. Quando a SAPECAS- Sociedade dos Poetas, escritores, Compositores e Artistas de Sertânia faz um evento na Casa do Poeta, lá na Rua das Tabocas, é casa cheia. O mesmo acontece quando a ACORDES- Associação Cultural de Sertânia faz O FLIS- Festival Literário do Sertão e a Missa dos Poetas, lá na Rua Velha. As pessoas tem sede de conteúdos de qualidade e muitas vezes são seduzidas pela cultura de massa, por falta de opção. Mas quando tem acesso, se sensibilizam, se diferenciam. Hoje há uma consciência maior da importância da cultura da terra, graças às conquistas dos nossos artistas e do nosso povo. As pessoas enxergam nela uma identidade e a oportunidade de nossa gente se afirmar, a partir dela, ser respeitada em seu brilho, sua inteligência, seus traços mais genuínos, em que o povo se reconhece. Isto acontece, por exemplo, quando toca a música 7 e 8 de Dezembro, que fala nas festas da rua velha,( que é de autoria de Anacleto, Cieudes, Antônio Amaral, Bartolomeu e Heuris Tavares), é incrível verificar a comoção popular que este arrastapé cantado por Daniel Medeiros provoca. Falta à prefeitura fazer o papel de estado indutor da cultura, protegendo e dando subsídio ao que é mais necessitado, e estimulando o empreendimento daquilo que está mais indicado para disputar uma fatia do mercado cultural. Aí vai se ver a coisa deslanchar!

ML - EM SUA OPINIÃO QUAL O DESAFIO A SER ENFRENTADO PELA GESTÃO DO PREFEITO GUGA LINS EM RELAÇÃO À CULTURA? 

Josessandro Andrade - Implantar em Sertânia o Sistema Municipal de Cultura, articulado institucionalmente com o Sistema Nacional de Cultura, que é o SUS da cultura. Para tal é necessário que o Município crie uma Secretaria de Cultura, implante o Conselho Municipal de Cultura paritário, crie o Fundo Municipal de Cultura e promova o Fórum Municipal de Cultura para elaborar o Plano Municipal de Cultura. Ai Sertânia receberá recursos federais e poderá programar uma política Cultural digna e satisfatória. Na outra frente, tomar medida urgente para processar o tombamento do casario histórico da cidade e de distritos como Rio da Barra, que estão tendo descaracterização. Acelerada.

ML  - VOCÊ COMO CRÍTICO CULTURAL ESPERA O QUE EM RELAÇÃO À CULTURA NA NOVA ADMINISTRAÇÃO? 

Josessandro Andrade - Que na política pública de cultura ele dê um caráter democrático e popular, onde ele escute aos mais vastos segmentos da cultura de Sertânia, estimule a proliferação de monumentos da cultura e da história da terra, para que Sertânia volte a ofertar beleza e sensibilidade. Que ele garante a participação dos artistas da terra nas festas populares, dos que moram aqui e dos que atuam Lá fora, incentive a leitura, com um grande programa que publique as obras dos escritores locais e fomente o acesso e a promoção do livro e da leitura. Que crie o Fundo Municpal de Cultura para através de edital os artistas apresentarem seus projetos para receberem o patrocínio, sem clientelismo. Enfim, que ele como descendente do Mestre da poesia e da literatura Ulysses Lins, honre suas origens, valorize a cultura, proporcionando geração de emprego e renda através da economia criativa, fazendo com Sertânia ocupe o lugar de destaque no cenário regional, conjugando Cultura e empreendimento, tendo hoje uma visão sábia e de futuro como o seu ancestral Pantaleão de Siqueira Barbosa, o pioneiro no processo de colonização humanitária da região sertaneja, pai dos Siqueira do Moxotó.

ML - NESSES DEZESSEIS ANOS DE GOVERNO DO GRUPO POLÍTICO QUE ESTÁ NA ADMINISTRAÇÃO DE SERTÂNIA, QUAL AVALIAÇÃO VOCÊ FAZ? E SE TIVESSE DE DAR UMA NOTA QUE NOTA SERIA ESSA? 

Josessandro Andrade - Fui Diretor de Cultura na primeira gestão da Frente Popular, quando fui indicado pelo Movimento Cultural da cidade. Junto com César Amaral tiramos leite de pedra. Fizemos o Encontro de Política Cultural, onde artistas, fazedores de cultura e entidades da sociedade civil discutiram um plano de ação cultural para Sertânia. Realizamos Festival de Música, Mostra de Teatro, Teatro na escola, Artistas na feira, Caminhada Poética, Cinema nos Bairros, Criamos a Escola de Música e reativamos a Banda Municipal Sebas Mariano, com um projeto aprovado no Ministério da Cultura, criamos a Paixão do Sertão, apoiamos Semana estudantil  de artes, e Festival de Cantadores, entre tantas outras ações, iniciamos um Movimento Para revitalizar o Cine Emoir como espaço cultural. Tudo isto sem ter verba, Sem autonomia administrativa, sem estrutura, nos valendo apenas de nossa capacidade de articulação. Mesmo assim os artistas e a imprensa elogiavam, a oposição na Câmara ressaltava nosso trabalho como positivo. O fato é que no final do ano de 2000, nós entregamos nossos cargos, por absoluta falta de apoio do governo municipal da época. A decepção foi muito grande, pois o Prefeito da época chegava a dizer nos bastidores, que se dependesse dele acabava por decreto com Carnaval, Semana Estudantil de Artes, Paixão do Sertão,... Falava ainda que a pior parte de um jornal era o caderno de Cultura... Então por ai você pode ver a verdadeira mentalidade de quem governava o município. Eu sai e passei a cobrar o prometido apoio a cultura. Isto irritou os donos poder na época, que passaram a fazer retaliações. Cheguei até a escrever uma sextilha que dizia assim:

“Prefeito que não apoia
Os artistas e a cultura
A cidade fica morta
Sem beleza e sem ternura
Pois um coração de pedra
Pulsa lá na prefeitura”

De 2001 em diante a coisa piorou de tal forma, que o diretor do departamento cultural era colocado na Secretaria de Saúde prá despachar exames... Veja que absurdo! Esta época é marcada pela total ausência de qualquer traço de ação cultural, passou-se mais de um ano sem diretor do órgão municipal de cultura, e o pior é que com a perseguição política, se ressuscita a censura em Sertânia. Tenho em mãos uma portaria do governo municipal, onde fui punido com suspensão administrativa e abertura de inquérito administrativo por conta de uma peça teatral que escrevi intitulada “Um Ditador de Província”. Isto em plena democracia. O jornal de Arcoverde registrou o fato como algo que clama aos céus e violenta a constituição federal e a declaração universal dos diretos do Homem. O patrimônio histórico do casario nunca foi tão violentado e agredido. Por descaso extraviaram o acervo do Museu Histórico do Sr. Zé Ramos, que havia sido entregue a Prefeitura e por abandono foi devorado pela traça. . Um dos maiores crimes contra a memória da cidade. Descaracterizaram o conjunto arquitetônico da estação ferroviária, colocando construções que nada tinham a ver com a estética arquitetônica.  A Caixa d’água que é um marco da passagem dos engenheiros ingleses da Great Western em nossa terra, Só não derrubaram, porque o povo reagiu e não permitiu. Tempos sombrios!

Apesar de tudo que havia acontecido, em 2005 com outra gestão, eu e o companheiro Aurino elaboramos o Projeto Resgate Cultural de Sertânia,, em nome da Prefeitura sertaniense, conseguindo um Ponto de Cultura prá Sertânia, programa do governo federal. Colocamos os interesses de Sertânia e da cultura acima das questões políticas locais. O projeto previa publicação de livros, gravação de cd’s, entre outra série de ações. O Dinheiro do ponto de cultura foi desviado. Tanto é que a prestação de contas foi rejeitada. Por isto a segunda parcela do Ponto de Cultura foi bloqueada. Foram até a Brasília- DF prá desbloquear no Ministério da Cultura e não conseguiram. Tenho estas informações tanto de amigos que trabalham no Ministério da Cultura, como de amigos no Governo Municipal. Carregaram a câmera profissional de filmagem e a mesa do estúdio trocaram por outra, bem menor e de qualidade muito inferior. De 2008 prá cá só escândalos: no site transparência, está lá repasse para a prefeitura de Sertãnia de duzentos mil reais , para um tal de Festival de cultura estudantil. Alguém lembra disto? O que foi? Quem organizou? Quem se apresentou? Se existiu, como justificar que um evento deste, sem tradição nenhuma, que ninguém conhece ,tenha um valor deste, e a Semana Estudantil, de tradição cultural de mais de 30 anos receba menos de 10%, ou seja quinze mil reais? Tem mais: O São João nos Bairros , que teria consumido 100 mil reais , também do Ministério do Turismo,onde tiveram gastos com este montante? Isto é Dinheiro da cultura, dos artistas de Sertãnia, que ninguém sabe onde foram parar que nunca foi explicado e nem será, pois não tem explicação Lembra os versos do poeta Raimundo Caetano, quando diz: “O bom perde pro Ruim/ A guerra ganha da paz / Num projeto de cultura/ de cem milhões de reais/ dez por cento é pros artistas / Noventa pro satanás”. 

Vale salientar que a Semana Estudantil de Artes, que era um evento independente, da Resistência Cultural sofreu um processo de prefeituralização, de partidarização e a história vai registrar prá posteridade os que cometeram este crime e os que foram cúmplices, que transformaram o palco num palanque prá discurso de político profissional. Teve até artista que foi vetado no evento por conta de sua posição política. Eu fui um deles. Veja que eu fui durante mais de dez anos um dos coordenadores da Festa e chegou-se ao ponto em que eu fui proibido de me apresentar nela, entende? O evento caiu de qualidade de forma impressionante. Ai tiveram que chamar a gente da ACORDES, Da SAPECAS, o pessoal do jornal Renascer, do Teatro para que a “semana” voltasse a ter qualidade.

Não houve política pública de cultura, nem ações de vulto, nem de estruturação. Artistas foram perseguidos por conta da opção política. Não há equipamentos culturais, nem legislação que estruture a política cultural, nem Plano Municipal de cultura. A Secretaria abrange quatro áreas, Cultura, Turismo, Esportes e Juventude, mas só tem o Secretário trabalhando lá, num lugar sem nenhuma condição, os banheiros são horríveis, não tem água encanada, a higienização é precária, porque falta condições prá tudo, não tem equipe, nem recursos, nada. Foi deste jeito que a cultura foi tratada no governo do 40. Quem está dizendo sou Eu, Josesandro Andrade. O Saldo é muito ruim, nem dá prá comparar com governos passados, pois naquele período não existia a estrutura que se tem hoje para os municípios. Fiz a análise dos fatos, quanto à nota deixo para que os leitores deem a que achar que se merece. 

ML - NÓS DO MOXOTÓ LIGADO GOSTARIÁMOS DE TERMINAR ESSA ENTREVISTA COM UM POEMA QUE FAÇA UMA HOMENAGEM A NOSSA QUERIDA SERTÂNIA! 

Josesandro - Eu vou deixar para vocês um poema de minha autoria, que segue abaixo e que está no DVD da MISSA DOS POETAS DE SERTÂNIA, lançado pela ACORDES.
PRINCESA DO MOXOTÓ

SOU A MÚSICA RARA
DE DEMÉTRIO NO TROMPETE
ORQUESTRA MARAJOARA
EM BATALHA DE CONFETES
DIVAGAÇÕES MAIS CARAS
NOS DEDOS MARIONETES

NA HERANÇA MITOLÓGICA
DO MAESTRO FRANCISQUINHO
SOU UMA BANDA MOXOTÓ
LUIZ PINTÔ NO CAVAQUINHO
FREVO DE JAIRO E ANACLETO
NUM CARNAVAL DE CARINHO

SOU A POESIA DE ULYSSES LINS
CANTO DE CARRO DE BOI
ALCIDES LOPES DE SIQUEIRA
VERSO DE UM TEMPO QUE FOI
MAS QUE ENCONTRA A CABRA
ANTES QUE O CHOCALHO SOE

DE FERNANDO PATRIOTA
SOU UM LIVRO A SONHAR
MEMÓRIAS DO CINE EMOIR
UMA CANÇÃO DE WALMAR
A IMAGEM DE SIBONEY
DO POETA WALDEMAR

REISADO? BEXIGOLIXO
VIOLA ? PINTO MONTEIRO
ESCULTOR ? ALTO RIO BRANCO
QUADRO DE MARCOS CORDEIRO
ACONCHEGO CAVALHADA
O BOEMIO E O SERESTEIRO

NA RUA DA FEIRA SOU PÍFANO
DE ZUZA GALDINO – O MESTRE
SÃO JOÃO DE ZÉ DO MUSEU
UM BACAMARTE NO TESTE
SOU CENTRAL DO BRASIL
EM CRUZEIRO DO NORDESTE

EM ALGODÕES SOLTO ABOIO
LÁ NA MISSA DO VAQUEIRO
SOU JARARACA VALENTE
DE MODERNA O CANGACEIRO
COMO UM POEMA DE LUTA
DE LUIZ CARLOS MONTEIRO

SOU BIU DA FAZENDINHA
UM ARTESÃO QUE SEDUZ
SOU PEÇA DE WILSON FREIRE
QUE ESCREVEU RUA DA CRUZ
SOU O GRUPO DISPARADA
UM TEATRO QUE RELUZ!

NOSSO MARCELINO FREIRE
UM PRÊMIO DE ESCRITOR
TAL ANTÔNIO AMARAL
UM GÊNIO COMPOSITOR
VILLA-LOBOS DO SERTÃO
UM POVO QUE NASCE AUTOR

SERTÃNIA É LIDERANÇA
NA EXPOSIÇÃO DE ANIMAIS
NA SEMANA ESTUDANTIL
DAS RAÍZES CULTURAIS
DA FESTA DA PADROEIRA
RUA VELHA.. ANOS ATRÁS...


ZÉ ANDRADE E JOÃO BELARMINO
DUPLA REVOLUCIONÁRIA
A NOSSA FACE REBELDE
DAS CAUSAS IGUALITÁRIAS
ALICERCES GENUÍNOS
DAS TRADIÇÕES LIBERTÁRIAS

PRINCESA DO MOXOTÓ
TERRA DE MULHER BONITA
ÉS UM CELEIRO DE ARTES
TAMBÉM UM BERÇO DE ARTISTAS
COM TODOS ESSES ENCANTOS
NÃO HÁ QUEM A TI RESISTA

Quero agradecer ao Moxotó ligado pelo convite para esta entrevista e parabenizar meu amigo Junior Cavalcanti pela aula de bom jornalismo que vem dando neste seu blog, um exemplo a ser seguido. Ao mesmo tempo desejar a todos os leitores e todos que fazem este hebdomadário, um feliz natal e um ano novo cheio de paz e de luz.

1 comentários:

  1. AMIGO JOSESSANDRO E CORRENTE CULTURAL...

    O texto abaixo é uma reflexão do que ocorre no Brasil. Escrevi com a finalidade de "tentar mostrar" que a arte, embora pareça abstrata, tem o sentimento de quem cria...

    OBS. Deixo claro que o presente texto não é endereçado a qualquer pessoa...

    A ARTE, A MÍDIA E O PODER PÚBLICO

    ( Lailton Araújo )

    O problema é só um: falta sensibilidade artística em quem programa um evento. Os cargos políticos são leiloados por conveniência e não por capacidade intelectual, digo: o entendimento do que é cultura local, e a raiz de um povo. Quanto vale um cachê artístico? Será que é proporcional ao que algumas mídias propagam: lixo!

    Os grupos artísticos locais – em quaisquer cidades – precisam entender que a união faz a força. É necessária a democratização dos pagamentos dos cachês “A”, “B”, “C”, “D” e “E”, sem grandes diferenças de valores. Um cachê de uma atração global, não pode ser 100% superior ao de “José das Farinhas”. São artistas com estilos e visões culturais diferentes... Mas, são artistas e fazem arte! A ótica atual é cega... E maldosa!

    A globalização das supostas artes, traz mercados paralelos. Muitos produtos artísticos não possuem (ao meu ver e de outros que observam) nada que some culturalmente, e que justifique um cachê astronômico, e ser inserido em uma programação municipal. Será que os administradores municipais (estaduais e federais) e seus subordinados estão aptos a contratarem o que o povo quer ouvir ou ver? O que o povo quer ver ou ouvir? Talvez o que passa na televisão e no rádio... Onde estão os programadores da mídia? Talvez casados com a idéia que o povo sabe escolher! Será? O que o povo escolhe? Acho que é o que toca na mídia, programado pelos senhores da comunicação, sem a mínima preocupação de separar o que é cultural ou apenas, entretenimento. E tem sido assim, assado, de papel passado e comungado com o atraso cultural... Diga-se: voltado pelo Congresso Nacional. E o povo colocou seu voto em tal congresso... O povo é sábio?

    Quais os motivos dos atrasos nos pagamentos de eventos? Talvez seja a “falta de vergonha na cara” dos que contratam, e os deptos. financeiros das instituições públicas, que só deveriam contratar, com o valor empenhado, e nota de empenho mencionando o prazo de pagamento. Sendo assim, o contratado poderia exigir o cumprimento da “Lei de Responsabilidade Fiscal”.

    Os músicos (infelizmente) e vários artistas, por necessidade de trabalhar, ou por medo de exigir o básico do básico, realizam serviços profissionais em festividades e outros, sem observar algumas medidas de segurança. E dá no que dá! 12 meses para receber, cachês miseráveis, tratamentos diferenciados na realização do mesmo evento, e outras discriminações locais... Sem contar a famosa geladeira para quem denuncia!

    A mudança na visão cultural (do músico, artista e contratante) tem que ocorrer rapidamente... O povo é a parcela pública (sem culpa) que vai na onda do frevo, do trio elétrico, do breganejo, ou aplaude a politicagem provinciana de quem se acha culto! Ou curto e grosso! Que tal educar o povo! Como? Talvez a mídia saiba...

    Abraços.

    Lailton Araújo


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